Na casa da
fazenda dos meus tataravós, lá em Pirassununga, as brincadeiras eram no
quintal! Um balanço pendurado em uma enorme laranjeira, bolinhas de gude
rolando para lá e piões rodando para cá, bolas de meia lançadas ao ar e um jogo
de amarelinha bem desenhadinho no chão. E havia perna para pular corda e braço
para pegar a manga mais alta lá da árvore, viu!
A minha avó conta
que o que ela gostava mesmo era de brincar no cafezal - pé na terra molhadinha, o cheiro de jasmim
que saía das flores dos pés de café em setembro e cada um dos primos escondido
atrás de um bouquezinho branco que nem nuvem! Mas ela sempre perdia as brincadeiras!
É que quando chegava a época da colheita ao invés de se esconder, ela se
distraía olhando as mãos rápidas dos colonos agitando as peneiras, que, lançando
aos céus folhas, terra e pedacinhos de galhos, ficavam limpinhas e recheadas de
grãozinhos vermelhos de café.
Perdida nessa agitação mágica de mãos e
peneiras, quando a minha avó sentia a aproximação do primo João, já era tarde! Ele
corria feito um não sei que para
chegar antes dela e ganhar a brincadeira! E lá ia a minha avó ter que “bater
cara” num dos pezinhos de café, para depois sair procurando os primos escondidos
no cafezal! Que tempos deliciosos, diz ela!
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